Cinco bons motivos para não desistir de investir na Bolsa

O construtor Leonardo Almeida sempre lia notícias a respeito da Bolsa na mídia. Em meados de 2007, ele tomou coragem e começou a investir em renda variável. "Não sabia de nada e saía comprando tudo", lembra. Ele operava como trader, quando a crise econômica veio à tona.

"Investia pensando no curto prazo, o que hoje acho um erro. Tive um prejuízo de 20% e fiquei desnorteado. Toda vez que perdia, corria atrás. Ora recuperava um pouco ora perdia mais. Era uma bagunça. Ninguém gosta de perder muito dinheiro. A sensação é de estar sem chão, fica um trauma. Você perde um pouco aqui, mais um pouco ali. Chega uma hora que sente que precisa parar".

Quem já perdeu muito dinheiro na Bolsa conhece o drama. Desenvolve-se aversão ao risco. O trauma é de longe pior para quem, antes da perda, não direcionou parte do patrimônio a aplicações mais seguras, tendo apostado fichas altas na Bolsa. Se o investidor tem família para sustentar e contas fixas a pagar, as perdas ocasionam, inclusive, crises familiares.


O melhor investimento
O empresário Henrique Matos é outro dos milhares de investidores que perderam na crise. Ele assumiu um prejuízo de 20% sobre o patrimônio investido. Porém, no lugar de desistir, preferiu estudar o funcionamento do mercado, o que acredita ser essencial para ganhar dinheiro e, no limite, evitar perdas.

"Comecei a investir em meio à euforia, sem qualquer conhecimento. Mas, com a crise, tudo se complicou. Não esperava que o Ibovespa fosse cair tanto. Acabei realizando prejuízo. Então fiz um curso de análise técnica. Algum tempo depois, consegui comprar a mesma quantidade de papéis e tive até um ganho", conta.

Para Matos, investir em ações vale a pena, porque, na Bolsa, surgem oportunidades de ganho diariamente. "O investimento em renda variável é o melhor que existe. No longo prazo, a tendência é sempre de alta. O investidor que adquire certo conhecimento consegue obter rentabilidade muito superior à caderneta de poupança ou à renda fixa. É só saber investir e aprender com os próprios erros. Quem perdeu dinheiro na crise e desistiu do mercado ainda pode voltar e recuperar o que perdeu".


O cenário é outro
Para o empresário Bruno Yoshimura, que investe há três anos, as ações consistem, incontestavelmente, no melhor tipo de investimento. Ele afirma com admirável certeza que, com a queda da taxa básica de juro, não haverá outra saída para quem pretende ganhar dinheiro com aplicações senão a Bolsa.

"Ou a pessoa se contenta com o rendimento mais baixo da renda fixa ou opta pelo mercado de ações. É um caminho sem volta. Em outros países é assim. Como os juros são mais baixos, as pessoas se voltam à Bolsa e as ações se valorizam. Logo, a Bolsa é um negócio promissor no Brasil".

"Ou a pessoa se contenta com o rendimento mais baixo da renda fixa ou opta pelo mercado de ações. É um caminho sem volta", diz Bruno Yoshimura

Domingos Junqueira, que hoje vive de seus investimentos, concorda com Bruno. A trajetória de queda da Selic traz aos investidores brasileiros uma nova realidade de mercado. É hora de se adequar. "Os americanos têm o costume de aplicar em Bolsa por conta própria, visando à aposentadoria. Eles aprendem a investir na escola. Este é o caminho que devemos seguir. A renda variável veio para ficar. Há muito espaço para a Bolsa crescer e sua capitalização deve triplicar nos próximos três anos".

Quanto à crise que atingiu a bolsa brasileira em 2008, ele afirma que foi uma "lição maravilhosa", mesmo para quem perdeu dinheiro. Nas suas palavras, "quem enfrentou a crise de 2008 está hoje apto a enfrentar qualquer crise".

Bolsa para todos os gostos
Para a economista Angel Fachinelli, a Bolsa vale a pena porque consegue atender a todos os tipos de investidores, do conservador ao mais arrojado, já que alguns papéis oferecem mais risco e outros, menos. A regra de ouro é: quanto mais risco, maior o ganho ou a perda.

"Adoro crises. Elas constituem o melhor momento para aprender sobre o mercado", conta Angel Fachinelli

"As empresas estão aí, para que possamos investir nelas. Há empresas excelentes com capital aberto. Mas quem ficou com trauma na crise deve estudar, antes de voltar, e ter certeza sobre que tipo de investidor é e quais são seus objetivos. Além disso, é preciso estar disposto a ter alguma perda, porque sempre existirá risco. Já perdi muito dinheiro. Hoje ainda perco, por isso estou estudando e me informando. É possível evitar as perdas, por meio do constante aprimoramento. Eu, por exemplo, adoro crises. Elas constituem o melhor momento para aprender sobre o mercado".

Não desista!
A crise deixou muitos investidores com medo da Bolsa, mas o professor de Economia da FIA/USP, Celso Grisi, garante que o mercado de ações continua atraente. Confira cinco motivos apontados por ele para não desistir da Bolsa:
  • Motivo 1: Grisi explica que o País está crescendo e possui hoje fundamentos econômicos fortes. "No médio, longo prazo, não devemos ter desestabilização da moeda", sublinha. Além disso, por conta da Copa do Mundo e das Olimpíadas, o Brasil deve se destacar enquanto alvo de investimentos estrangeiros. Isso tudo significa crescimento para a bolsa de valores brasileira, para os próximos cinco anos, no mínimo. "Entre os mercados emergentes, o brasileiro é o que tem mais potencial de crescimento. Mesmo que ocorra algum problema do ponto de vista institucional, o máximo que deve acontecer é uma redução na taxa de crescimento do País", opina;

  • Motivo 2: A trajetória de queda da Selic implica rendimentos menores da renda fixa. Grisi prevê um movimento de alta da taxa básica no ano que vem, por conta da pressão inflacionária ocasionada principalmente pelos gastos do governo. "A Selic pode voltar ao patamar dos 10%", avalia. Mesmo assim, segundo ele, o movimento não será suficiente para minar a atratividade da renda variável;

  • Motivo 3:Comprar ações de uma empresa, para Grisi, pode ser mais vantajoso do que abrir uma empresa, aspiração de inúmeros brasileiros. Isso porque pode render mais lucro e menos dor de cabeça. "Muitos dizem que pretendem abrir uma empresa, mas me pergunto se não é melhor participar de uma empresa que já está aberta e é bem administrada. Além disso, as pessoas não precisam comprar ações apenas porque estas sobem. Algumas rendem dividendos interessantes", opina;

  • Motivo 4: No longo prazo, a Bolsa é sempre um investimento interessante. Apesar das perdas ocasionadas pelas quedas, ao observarmos a trajetória do Ibovespa, em um cenário de longo prazo, percebemos que o índice está sempre crescendo. Quem se lembra, por exemplo, que, em 2003, o Ibovespa rondava os 19 mil pontos?;

  • Motivo 5: Na quebra de braço com os fundos de investimento, Grisi acredita que a Bolsa ganha. Ele afirma que fundos bem administrados são sempre boa opção. "O problema é descobrir se o fundo é bem administrado e qual seu perfil. Fundos podem ser conservadores, moderados ou arrojados (até mesmo no caso dos de renda fixa). Se o fundo é arrojado, o investidor assume o risco. Além disso, mesmo gestores de fundos experientes erram. Acredito que uma carteira bem feita de ações, diversificada não apenas quanto às empresas, mas também quanto aos setores, pode, no médio e no longo prazo, apresentar rentabilidade muito superior à de um fundo. O segredo está em escolher bem as empresas. Recomendo montar uma carteira com uma maioria de empresas sólidas e uma ou outra que imprime mais risco". Fonte: Infomoney

0 comentários:

© 2008 Por *Templates para Você*